"É sabido que o preconceito é algo aprendido pela criança, e
não algo que lhe é natural. Assim, se uma criança não receber qualquer
ideia preconcebida a respeito de crianças especiais, ela não verá
problemas em interagir e brincar mesmo notando diferenças físicas e/ou
de comportamento no colega. Para que a interação ocorra tranquilamente,
entretanto, é importante que a criança entenda o motivo de alguns
comportamentos do autista.
A linguagem adotada deve estar de acordo com a idade da criança, mas de modo geral podem ser abordados cinco pontos:
1) Autistas são hipersensíveis: isso quer dizer que
poderão se assustar com gritos, abraços, cheiros e luzes fortes. Por
isso, é importante a criança entender que levar um colega autista para
brincar no meio de um grupo muito grande de crianças, ou que costumam
agarrar umas às outras durante a brincadeira, por exemplo, pode não ser
uma boa ideia.
2) Autistas podem ter dificuldade para reconhecer e
expressar emoções: entendendo isso, a criança não ficará ofendida ou
chateada com alguma fala ou atitude do autista, pois saberá que não
houve má intenção.
3) Autistas podem ter dificuldades de comunicação: o
fato de um autista usar certas palavras não quer dizer que ele saiba o
que significam. Por isso, se o autista falar algo fora do contexto, a
criança deve dar a ele mais uma chance de se expressar. Além disso, ele
pode não ter entendido o que foi dito, mesmo que tenha repetido palavra
por palavra. A repetição pode ser apenas um reflexo, chamado ecolalia.
Explique também que o autista irá entender o que for dito palavra por
palavra, e não saberá identificar se o que foi dito era apenas uma
brincadeira.
4) Autistas podem apresentar comportamento e gestos
repetitivos: essa atitude pode ter diversas motivações, entre elas a
ansiedade. É importante que a criança entenda que não deve rir ou zombar
desse comportamento. Recomendar a ela que não imite o autista também
impede o reforço do comportamento. Em vez disso, ensine a criança a
mudar a atenção do autista quando ele começar a repetir gestos.
5) Autistas podem comunicar-se de formas diferentes:
muitos autistas (ainda) não falam, o que não quer dizer que não
conseguirão interagir com outras crianças. Mostrar à criança formas
alternativas de comunicação, com gestos, imagens ou objetos, pode
inclusive ajudar no desenvolvimento da fala."
Texto escrito por Silvana Schultze, do blog http://www.meunomenai.com
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